Edgar Morin: um mestre atuante
Há algum tempo Edgar Morin confessou numa entrevista publicada no periódico La Repubblica: “sou um velho filósofo, mas adoro o Twitter”.
O filósofo de 98 anos é um pensador da maior importância no âmbito mundial e dispensa maiores apresentações. Sou seu fã e a sua obra tem sido fundamental para mim nos últimos anos, sobretudo nos meus estudos e reflexões sobre Educação, Sociedade, Filosofia e Complexidade.
Atualmente ele está escrevendo um livro de memórias. Não fica parado e sempre participa das questões filosóficas da atualidade.
Morin tem influenciado e inspirado gerações de estudantes, intelectuais e educadores mundo afora. Para ele, “se não podemos chegar ao melhor dos mundos, podemos trabalhar por um mundo melhor”.
É animador que ele tenha guardado um pouco de juventude para a velhice. Um dos seus mandamentos é “renascer e renascer até a morte”, que é uma fonte de inspiração para todos nós.
Edgar Morin é um multiplicador de esperanças neste mundo estranho, intolerante e cheio de incertezas. E também um farol a iluminar a humanidade, diante do ressurgimento de teorias ultrapassadas como globalismo, terraplanismo e outras bobagens.
Morin: o mestre da complexidade
As profundas mudanças que têm ocorrido na sociedade nas últimas décadas, destacadamente com o enorme avanço da tecnologia da informação, trouxeram para todos nós a necessidade de uma nova concepção sobre o conhecimento. Os desafios constantes no processo ensino-aprendizagem têm levado aos profissionais da educação a necessidade de pensar diferente para fazer diferente.
Tradicionalmente os saberes foram submetidos a uma dinâmica reducionista, isolados do estudo dos sistemas complexos. Com as mudanças pelas quais temos passado, esse reducionismo passou a ter dificuldades para construir explicações da realidade, que é complexa em todos os níveis, e levou a perda das noções de multiplicidade e diversidade.
Para trabalhar o conhecimento é preciso compreender a Educação como um sistema complexo. Por isso é preciso afastar a epistemologia reducionista tradicional e trazer a lume uma epistemologia da complexidade. No lugar da especialização e da fragmentação dos saberes é preciso entender e trabalhar a complexidade em todos os sentidos.
O desafio dos educadores, do presente e do futuro, será a compreensão do processo educacional e o seu papel. Para tanto, eles necessitam compreender a complexidade e a multidimensionalidade dos fenômenos; a trabalhar com a transdisciplinaridade; a ter uma atuação mais transformadora; a agirem de maneira mais efetiva com a diversidade, a instabilidade e as rápidas transformações, próprias da sociedade atual. Em outro post, voltaremos a este tema.
Obras essenciais de Edgar Morin para educadores:
MORIN, Edgar. Ensinar a Viver. Manifesto para Mudar a Educação. Porto Alegre: Sulina, 2015
________. A Cabeça Bem-feita: Repensar a Reforma, Reformar o Pensamento. Tradução de Eloá Jacobina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
_______. Educar na Era Planetária: o Pensamento Complexo Como Método de Aprendizagem no Erro e na Incerteza Humana. Tradução de Sandra Trabucco Valenzuela. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: Unesco, 2003.
_______. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2011.
_______. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: Unesco, 2002.
Edgar Morin: o mestre reconfigurador